UFG participa de feira que estimula novos horizontes para a Agricultura Familiar no Brasil
Muitos brasileiros não conhecem os inúmeros processos que são realizados para que os alimentos cheguem à sua mesa todos os dias. Focado em apresentar esses caminhos e auxiliar a rotina dos agricultores familiares, grandes responsáveis por essa realidade, vem aí mais uma edição do maior evento de agricultura familiar do Centro-Oeste. Depois de dois anos sendo realizado de forma remota, por conta da emergência sanitária da Covid-19, será realizada entre os dias 18 e 21 de maio a Agro Centro-Oeste Familiar 2022. Desta vez, o evento acontece no Instituto Federal Goiano - Campus Ceres e trará extensa programação, para convidar o público em geral a conhecer a agricultura familiar e, ao mesmo tempo, oferecer oportunidades de capacitação aos produtores.
Durante os quatro dias de evento, os participantes poderão comercializar seus produtos e participar de atividades, visando incrementar seus negócios e, consequentemente, gerar mais renda para as famílias. A professora Graciella Corcioli, da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG, explica que a partir da inserção da agricultura familiar no Censo Agropecuário, ficou evidente a importância dessa categoria na produção de alimentos para os brasileiros. “A agricultura familiar corresponde a mais de 75% dos estabelecimentos agropecuários e é a grande responsável por colocar comida na mesa dos brasileiros”, afirmou. Ainda segundo a professora, um dos principais desafios enfrentados pelos agricultores familiares é a comercialização, e a divulgação tem como objetivo agregar valor aos produtos. O evento tem como destaque cursos, palestras e dias de campo para divulgação de tecnologias voltadas à agricultura familiar, mas também serão oferecidas oficinas de temas como reforma agrária e direito das minorias.
O desafio de agregar valor
Visando vencer o gargalo da agregação de valor aos produtos que são produzidos por agricultores(as) familiares, a UFG realiza em parceria com o INCRA/GO, uma oficina especial no dia 20/5, às 15h30 durante a programação da feira. Janice Morais Oliveira, engenheira agrônoma do INCRA, destaca que as famílias agricultoras e suas associações enfrentam muitas dificuldades financeiras quando decidem buscar alternativas de renda que envolvem o processamento da matéria prima dentro da propriedade e acabam restringindo o escoamento dessa produção aos mercados institucionais, principalmente.
Contudo, segundo ela, com restrições no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), os(as)agricultores(as) ficaram muito prejudicados porque não estavam prontos para atender outros mercados. “Para conquistar novos espaços que vão além do institucional, é preciso - além de outros aspectos - a capacitação prática, que vai desde a escolha de embalagens atrativas, rotulagens adequadas, passando também pelo marketing digital. Por isso a necessidade de oficinas como esta”, completou.
Já a professora Fabiana Thomé da Cruz, da Escola de Agronomia da UFG, destaca a necessidade de pensar a qualidade dos produtos da agricultura familiar na perspectiva da qualidade ampla. De acordo com a professora, os produtos da agricultura familiar têm qualidades únicas e inerentes ao seu modo de produção, que de modo geral podem ser vinculadas a valores sociais, ambientais e culturais. “Porém, muitas vezes mesmo atendendo às regulamentações da área, a comunicação da qualidade não é feita e o retorno não é alcançado. Na oficina queremos despertar os(as) agricultores(as) para divulgar a qualidade de forma adequada, valorizando ainda mais os produtos e reduzindo disparidades”, concluiu.
Texto: Caroline Pires - UFG